Crônicas de uma viajante – Episódio 2

Alguém falou Puerto Madero? Dale!

No mesmo ano em que fiz a minha primeira viagem internacional para o México, senti que a sorte estava sorrindo pra mim e pensei: por que não aproveitar essa onda e ir para a Argentina?

Buenos Aires é um “logo ali” com voos de 2h 50min de duração, então me animei, convidei uma colega que na época também queria ir, fiz a reserva de hotel e comprei as passagens… aparentemente tudo ia muito bem, mas quando a viagem começa com sua mãe dizendo:

– Tô sentindo que não é pra você ir, filha!
O que acham que aconteceu? 🙂

Pois é … mães vem com uma bola de cristal embutida no peito e entre problemas com cartão de crédito clonado semanas antes da viagem, compra da passagem recusada por conta da clonagem do cartão, banco que aprovou uma compra maior que meu limite sem me consultar, lá estava eu pensando:

– Ah minha mãe …

Foi uma briga feia com o banco, mas viajei mesmo assim, afinal sou muito teimosa e explorar novas experiências é o que me move.

Durante o voo fiz amizade com a comissária, o executivo que estava sentado ao meu lado fez um pequeno roteiro pra mim… eu realmente queria “treinar o espanhol” e senti que a sorte estava me sorrindo novamente!

Até que …

Foi só o avião pousar pra tudo mudar: minha colega perdeu os perfumes recém comprados no Duty Free, um taxista me ameaçou com um canivete (ele escondeu o dinheiro e disse que eu não paguei), tomei um café com doce de leite e passei mal, mas a “melhor” parte foi:

Mesmo com passando mal, quis sair para conhecer o tal Puerto Madero que tanto falavam, afinal, é o bairro mais sofisticado de Buenos Aires, onde estão os restaurantes e a parte badalada da cidade. Naquele dia, tive a brilhante ideia de visitar um navio-museu no Rio da Prata. Até aí tudo bem, mas sempre leiam os avisos, principalmente sobre como descer escadas em barcos, para não se machucarem como eu ou pelo menos levem seus kits de primeiros socorros! 🙂

Minha unha (enorme na época) enganchou na escada e quebrou no meio do dedo, sangrando muito e como eu não posso ver sangue, o que aconteceu???? Desmaiei !!! Isso mesmo … caí durinha ali no meio do barco, com turistas me pulando, como se fossem carneirinhos e a minha colega gritando pedindo ajuda.

Fingi o desmaio por mais um tempinho, pra dar tempo das pessoas saírem. Então, levantei sozinha, fiz de conta que não tinha acontecido nada e continuei o passeio com o dedo sangrando enrolado num pedaço de papel.

Nada poderia abalar a minha paz, afinal, para uma teimosa “mais vale uma experiência na mão, que duas voando”! 🙂

Ah, vocês lembram dos perfumes perdidos?
Bom, o taxista que nos levou do aeroporto ao hotel os encontrou no banco de trás do carro e como tinha uma corrida ali perto, levou pra gente sem cobrar nada (ele não era o cara do canivete não viu gente)! Pensem na alegria…

Será que finalmente a sorte vai sorrir pra mim?

Curiosidade

”Dale” é o mesmo que ”Vale”, utilizado na Espanha. Porém, ”dale” é mais comum na Argentina (na linguagem informal).
¿Vamos a tomar algo? — ¡Dale! (= ¡Vale!)
¡Dale! (= ¡Vale!): certo, tudo bem, está bem, OK.

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